“EU QUERO IR PARA CASA”

EU QUERO IR PARA CASA

É frequente os cuidadores de pessoas com demência em geral e Alzheimer em particular ouvirem a frase eu quero ir para casa” e essa situação provoca especial frustração quando elas já estão em casa.

A grande questão é saber como responder ao pedido de modo a acalmá-los e a mudar de assunto.

Primeiro é preciso procurar entender por que razão o familiar está a dizer eu quero ir para casa e o cuidador deve relativizar a situação para se manter calmo.

Por que razão ele está pedindo para ir para casa?

A frase eu quero ir para casa não deve ser interpretada à letra porque é geralmente um pedido de conforto. A resposta do cuidador deve ter como objectivo mudar de assunto e com isso reduzir a ansiedade e o medo do familiar doente.

A terrível doença que é a demência faz com que o cérebro interprete o mundo de uma maneira diferente e o cuidador não deve contrariar a maneira como ele vê a realidade.

O cuidador deve transmitir conforto, tranquilidade, e em vez de responder à pergunta, deve estar atento às emoções que levam ao pedido eu quero ir para casa.

As sugestões aqui indicadas não impedem que o cuidador seja criativo na procura de estratégias e mesmo que elas não funcionem de início, ele não deve desanimar porque a prática é importante.

3 Maneiras de responder à frase “eu quero ir para casa

  1. Transmitir tranquilidade e conforto

É importante transmitir calma, conforto e relaxamento. Se o cuidador permanecer calmo, o familiar também se vai acalmar porque vai ser influenciado pela linguagem corporal e pelo tom de voz.

Às vezes, a expressão eu quero ir para casa é uma forma de comunicar tensão, ansiedade, medo e necessidade de conforto. Se o familiar gosta de ser abraçado, esse é um bom momento para um grande abraço. Outros pacientes podem gostar de ser acariciados no braço, ombro ou simplesmente sentar-se ao lado do familiar. Outras formas de transmitir conforto podem ser por exemplo dar um cobertor confortável ou uma boneca de terapia.

  1. Evitar contrariar,  dar explicações ou apelar ao raciocínio

O cuidador não deve explicar que o familiar já está em casa ou que ele vive consigo nesse momento.

Dar explicações racionais e lógicas a uma pessoa com demência só a tornará mais insistente, agitada e angustiada porque ela não é capaz de processar normalmente a informação que está a ser transmitida.

  1. Concordar, mudar de assunto e distrair

Ser capaz de mudar de assunto e distrair é uma técnica difícil, mas muito eficaz. É uma habilidade que vai melhorando com a prática e por isso o cuidador não deve desanimar se as primeiras tentativas não correrem bem.

Primeiro, concorde: concorde dizendo algo como “está bem, vamos daqui a pouco”, ou ” boa ideia. Vamos assim que acabar de lavar estes pratos.” Desta maneira não se contraria e acalma-se o familiar.

Depois mude se assunto e distraia: depois de concordar, o cuidador deve mudar subtilmente a atenção do seu familiar para atividades agradáveis ​​e distractivas que levem os pensamentos para longe do querer “ir para casa”.

O cuidador pode por exemplo abraçar o familiar enquanto diz “está bem, vamos já” e levá-lo para uma grande janela com uma vista bonita, envolvê-lo numa atividade a seu gosto ou preparar um lanche ou uma bebida na cozinha.

Outra estratégia é colocar perguntas abertas que o levem a falar sobre a sua casa, estimular a partilha de memórias positivas e distraí-lo do seu pedido original que era ir para casa.

Exemplo de perguntas abertas que estimulam a partilha de pensamentos:

  • A sua casa deve ser linda, conta-me como ela é…
  • Qual é a primeira coisa que vai fazer quando chegar a casa?
  • Qual é a divisão mais bonita da casa? 

E se nenhuma destas estratégias funcionar?

Às vezes, apesar das tentativas de o cuidador em acalmar ou mudar de assunto, o familiar recusa-se teimosamente a abandonar da ideia de querer ir para casa. Nessa situação o cuidador pode levá-lo a passear de carro com uma paragem por exemplo numa gelataria.

Caso não seja possível fazer com que ele saia de casa e entre no carro, o cuidador pode simular que se está a preparar para sair. Com isso pode acalmar o familiar e ter oportunidade de redirecionar a sua atenção e pensamento.

Fonte: https://www.cuidador.pt/blogue/102-eu-quero-ir-para-casa

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