Apesar de não ser uma regra geral, é muito comum o doente se recusar a tomar os remédios necessários ao seu tratamento. E surge a pergunta: o que fazer nessa situação?
Para começar, é importante lembrar que os medicamentos e as doses só podem ser prescritas por um médico. Nunca dê remédios por conta própria, sem consultar um médico, por mais inofensivos que os medicamentos pareçam. Além disso, sempre comunique a todos os médicos do doente quais remédios ele está utilizando, ok?
Confira as dicas que preparamos para te ajudar!
Para começar, tenha paciência
Veja a seguinte situação, comum em estágios intermediários da doença: o cuidador, ao tentar dar a medicação para o doente e ele se recusar, sente-se muito irritado. Quanto mais ele explica, mais confuso o doente vai se sentindo e mais irritado o cuidador vai ficando.
Você já parou para pensar que ao ficar impaciente sua voz, semblante e gestos podem mudar e se tornarem mais agressivos, mesmo que sutilmente?
Uma dica para compreender isso é se colocar no lugar do doente de Alzheimer e tentar entender como ele está se sentindo. Pense em como ele pode estar te enxergando e como pode estar se sentindo. Para fazer isso, que tal observar o rosto do doente nessa situação e tentar entender como ele se sente?
É importante que a abordagem para dar o remédio seja sutil, não-agressiva, calma e que não dê a sensação de que o cuidador está forçando o doente a fazer algo que ele não quer.
A melhor abordagem é a comunicação não-verbal, ou seja, o que você diz através da sua linguagem corporal e não da sua fala. Aja calmamente, transpareça tranquilidade, compreensão e confiança.
Dicas práticas para dar os medicamentos
- Ofereça uma pílula por vez. Mostre a pílula para a pessoa, faça questão de que ela veja o que irá ingerir. A pessoa se sentirá mais segura se ela souber o que está ingerindo. Além disso, dê a ela tempo suficiente para absorver a informação, sem a apressar.
- Use copos transparentes com água, para que a pessoa veja o líquido presente ali. Uma dica é induzir o doente a pegar no copo, despretensiosamente e sem dizer nada, e colocar a pílula na palma da sua mão.
- Se o doente cospe os remédios ou se recusa a tomá-los por ter dificuldades para engolir, a dica é triturar a medicação e misturar nos alimentos ou no suco.
- É importante que o cuidador verifique se o doente engoliu mesmo o remédio.
- Mantenha o paciente sentado, em um local que ele sinta-se seguro. A posição facilita a ingestão do medicamento.
Tenha uma rotina de medicamentos e tente dar os remédios sempre no mesmo horário. A rotina provoca uma sensação de segurança. - Se ele disser que não precisa do remédio “pois está bem”, não desista. Ignore as críticas que o doente possa fazer, segure a pílula de forma que ele possa ver com clareza a medicação e tenha paciência.
- A cada remédio que o doente ingerir faça elogios, dê um alimento que ele gosta, fale sobre coisas boas, histórias felizes… Estimule-o positivamente e tente fazer com que a pessoa associe a medicação a sensações positivas!
Cuidados a serem tomados
Para que a rotina de remédios seja mais eficiente e tranquila o cuidador deve ter atenção com alguns detalhes e tomar alguns cuidados básicos, como:
- O cuidador nunca deve mudar por conta própria os horários e doses dos remédios. É de extrema importância que o médico seja consultado.
- Medicamentos não devem ser compartilhados com outros cuidadores e doentes. Afinal, um mesmo medicamento pode fazer bem para uma pessoa e gerar problemas em outra.
- Seja organizado com os medicamentos da pessoa que você cuida. Uma dica é fazer uma lista com todos os medicamentos do idoso, dose, horários, data de início e de término do tratamento, etc. Atualize a lista sempre que o médico fizer alterações na medicação. Com essa atitude você terá um controle muito maior!
- Para emergências, tenha uma listinha com o levantamento de quais farmácias da sua cidade funcionam no modelo 24h ou ficam de plantão nos finais de semana, feriados e madrugadas.
- Tenha, também, uma lista com o número de telefone dos médicos do idoso e hospitais para emergências. Em casos de emergência, se não conseguir contactar o médico, leve o doente ao pronto socorro mais próximo.
- Não deixe o doente sozinho com seus medicamentos próximos. Uma dica é guardar os remédios em armários de difícil acesso ou com chaves. Prevenir não custa nada, não é?
Sinal de alerta!
Se tomados de maneira incorreta, os remédios podem ter efeitos negativos no corpo do doente. Além, disso, alguns medicamentos devem ter cuidados especiais. Fique alerta! Confira as dicas abaixo:
- Se o remédio tiver absorção no estômago e com isso produzir uma intolerância gástrica, o doente pode sentir azia, náuseas, vômitos. Caso você perceba alguns desses sintomas, procure um médico para que ele possa fazer as modificações adequadas.
- Se o doente utiliza medicação digitálica (para tratamento da Insuficiência Cardíaca Congestiva e remodelagem cardíaca) uma monitoração dos batimentos cardíacos deve ser feita. Os batimentos devem ser contados antes da medicação e você deve comunicar ao médico se as pulsações estiverem abaixo de 60 batimentos por minuto.
- Caso o doente tome remédios para pressão alta, o controle da pressão arterial deve ser feito antes de ele consumir a medicação. Se for notada uma queda brusca da pressão arterial, procure o médico e mantenha o doente na cama com as pernas elevadas, sem usar travesseiros. Além disso, ofereça a ele líquidos à vontade.
- Se o cuidador tiver a mínima suspeita de superdosagem ou ingestão de produtos tóxicos a orientação é procurar o médico imediatamente, de preferência antes de ocorrer vômitos, e não realizar procedimentos por conta própria.
Uma rotina de medicamentos bem estruturada e acompanhada por um médico é de extrema importância para que o tratamento seja mais eficiente.